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Uergs e Fiocruz firmam convênio para a produção de fitoprodutos do Bioma Pampa

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2021 processo extração óleo
A produção de fitoprodutos é uma das iniciativas do Grupo de Pesquisa Ecos do Pampa, da Uergs.

A Uergs celebrou um convênio com a Fiocruz para a produção de fitoprodutos do bioma Pampa. O objetivo é articular um Arranjo Ecoprodutivo no bioma Pampa voltado à inovação e ao desenvolvimento de fitodefensivos, fitocosméticos e fitoterápicos. O projeto é desenvolvido pela unidade universitária em Santana do Livramento, sob a coordenação técnico-científica da professora Adriana Trevisan, com a colaboração de professores de outras unidades. 

Local de coleta garupá.
A garupá, vegetação típica do bioma Pampa, é uma das plantas utilizadas para a produção de fitoprodutos.

A produção de fitoprodutos é uma das iniciativas do Grupo de Pesquisa Ecologia dos Saberes em Agroecossistemas do bioma Pampa, também conhecido como Ecos do Pampa, que tem a Ecoinovação e a Biodiversidade entre as linhas de Pesquisa. O Grupo, criado em 2019, tem  desenvolvido produtos e testes de atividades biológicas a partir de insumos de plantas do Pampa para a geração de fitoprodutos com ênfase em fitodefensivos, produtos naturais para utilização na agropecuária. Dentre eles estão os fitodefensivos para a traça das oliveiras, para doenças na produção de uvas e para o controle de germinação do capim-annonni. 

Ao longo das atividades do Grupo, a professora Adriana conheceu a iniciativa RedesFito, da Fiocruz, que está alinhada com a Ecoinovação e a Biodiversidade. Assim, da parceria do Ecos do Pampa (Uergs) com a RedesFito (Fiocruz) nasceu o Núcleo Garupá da RedesFito no bioma Pampa, em 2020. 

“É uma forma de somar esforços e habilidades para que possamos criar novos postos de trabalho na região pampeana, diversificar sistemas produtivos que possam unir geração de trabalho e renda, e conservação do bioma Pampa”, afirma Adriana.

A professora explica que os arranjos produtivos são uma forma de organização de elos de uma cadeia produtiva especializada em um determinado setor e que mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si. 

“Ao agregar a qualificação ‘eco’ propõe-se que esse arranjo tenha como premissa central a sustentabilidade do processo. A sustentabilidade, no nosso caso, é conseguir conservar o que existe ainda de biodiversidade do Pampa, promover a restauração de ambientes degradados a partir de sistemas produtivos resilientes e envolver os produtores familiares nesse sistema”, pontua a professora.

Assim, a partir da organização do Arranjo Ecoprodutivo no bioma Pampa, pretende-se fomentar um ambiente de inovação na Região, partindo da organização dos elos já existentes e da busca por elos estratégicos, para que a ecoinovação se dê a partir de Arranjos Ecoprodutivos Locais (AEPLs) com foco na geração de fitoprodutos com a marca do Pampa. “Um resultado já estabelecido é a incubação da empresa semente (startup) Natupampa, criada por egressas do curso de Agronomia da Uergs, que tem como foco a comercialização dos produtos em desenvolvimento”, conta Adriana.

Atualmente, estão sendo realizadas pesquisas de prospecção de espécies potenciais e a estruturação de uma rede de produtores de matéria prima para a extração de óleos essenciais, junto a uma cooperativa. Esse trabalho vem sendo feito a partir de projetos de pesquisa, trabalhos de conclusão de cursos e da articulação com diversas instituições da Região.

“Um ponto importante é que, além dos projetos de Pesquisa, nossos projetos de Extensão têm como foco o diálogo de saberes. Assim, as espécies que vão para a lista de espécies prioritárias, além de potencial químico e atividade biológica, também são espécies de importância com relação ao uso pelas comunidades tradicionais pampeanas”, destaca Adriana.

Entre as principais contribuições para a região está a promoção de um novo sistema produtivo. De acordo com Adriana, a falta de políticas públicas de conservação de ambientes campestres e a forte conversão de áreas ao agronegócio têm feito com que o bioma Pampa seja o mais negligenciado entre os demais. A pesquisadora argumenta que a pecuária e a conversão de grandes áreas em produção de soja têm ocasionado uma diminuição das áreas produtivas. 

“O território tem vivenciado uma realidade que impõe uma forte destruição da biodiversidade e uma forte desestruturação de pequenos e médios proprietários. Essa realidade tem em sua gênese a geração de benefícios a poucos elos da cadeia produtiva e o compartilhamento de externalidades sociais e ambientais. Uma forte externalidade é a contaminação por deriva de outros sistemas produtivos e, inclusive, de muitas famílias de agricultores, bem como seus pomares e hortas de subsistência”, ressalta.

“Por falta de oportunidade, ainda, muitos pequenos agricultores têm sido seduzidos ao plantio de soja, no entanto, estudos são contundentes em apontar que a viabilidade econômica é somente auferida a grandes áreas com investidores capitalizados. Dessa forma, em médio prazo as Universidades regionais precisam promover novidades em sistemas produtivos e, nesse sentido, a Uergs em Santana do Livramento tem sido protagonista na criação de ambientes de inovação”, reitera a docente. 

Por: Daiane de Carvalho Madruga

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