Dia da Amazônia: trocar a Floresta por pasto não é progresso, é um Ecocídio
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Por: Marcelo Maisonette Duarte, professor da Uergs
Apesar de todo o distanciamento da natureza que se abateu sobre o ser humano moderno, nosso vínculo não se dissolve, somos natureza. Sempre que possível, a maioria de nós busca o contato com o natural, seja buscando a sombra de uma árvore em um parque, mergulhando em uma cachoeira, caminhando descalço à beira-mar, etc. Vivemos em um país continente, onde a Amazônia, mesmo para aqueles distantes dela em termos geográficos, representa o sentimento mais puro dessa ligação com o natural.
A Amazônia, com sua mega/sócio/bio/diversidade (mais de 200 povos, maior diversidade de plantas e animais do planeta), seus minérios e seus mistérios, nos encanta enquanto Nação. Porém essa força, essa pujança, esse sem fim de povos, plantas, animais, lendas, minérios, águas, é sustentada por uma teia de relações ecológicas muitas vezes frágeis, sensíveis a perturbações, algumas ainda desconhecidas, invisíveis para nossa ciência. A maior parte dos nutrientes e do carbono por exemplo, está nas árvores, não no solo. Quando arrancamos a mata, o que sobra em muitos casos é um solo pobre, capaz de sustentar uma pastagem por uns poucos anos, e logo ser abandonado, trocado por um novo desmatamento, uma nova queimada.
Essa lógica da colonização amazônica (intensificada a partir dos anos 70), de derrubar a floresta, retirar as madeiras nobres, queimar o resto, plantar pasto, engordar bois, vender bifes, mostrou-se imensamente insustentável. Assim como insustentável é a exploração mineral, (ouro, nióbio, bauxita, cassiterita, etc.), feita muitas vezes com tecnologias obsoletas, agressivas, ilegais, de maneira que enriquece alguns e deixa uma dívida socioambiental impagável para todos. Isso desmancha a floresta, desestrutura solos, polui águas, envenena povos ribeirinhos, sem esquecermos que é uma tragédia em tempo real, pois enquanto lemos este texto tudo segue acontecendo.
Quando a realidade dos fatos nos escancara a demolição irreversível da floresta, a redução de imensos maciços florestais a pequenas manchas onde muitos animais de médio e grande porte já não conseguem sobreviver, é natural nossa indignação e a indignação da comunidade internacional. Mas enquanto seguirmos o modelo desenvolvimentista atual, enquanto não procurarmos uma outra Via para nossa felicidade, a floresta continuará tombando e queimando, árvore após árvore.
Nosso conhecimento nos diz que a mineração é uma atividade agressiva, mas sem fiscalização, sem o uso das técnicas mais modernas, o dano é muito maior. Esse mesmo conhecimento nos diz que trocar a Floresta por pasto não é progresso, é um Ecocídio. Mas conhecimento não é sabedoria, e ainda nos falta Sabedoria para pôr em prática as ações necessárias para evitarmos/estancarmos tudo isso.
Cabe finalizar dizendo que aqui não há espaço para partidarismos, a preocupação com o Colapso Ambiental que estamos vivendo não pode ser de esquerda, de centro ou de direita. Apenas seres insanos, de qualquer matiz ideológica, não entendem ou não querem entender a pergunta que urge: seguiremos rumo ao abismo?
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- Nota da Uergs