"Uma imagem vale por mil palavras", mas diga isso sem as palavras
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Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(Carlos Drummond de Andrade)
Por que homenagear o LIVRO; por que ser contra a taxação do LIVRO?
Na era do audiovisual, parece que o enunciado "Uma imagem vale mais que mil palavras”, dita em forma de provérbio pelo filósofo e político chinês Confúcio - Chiu Kung - (552 e 479 a.C), resumiria a ênfase na imagem. Mais de dois milênios depois, o escritor brasileiro Millôr Fernandes (1923-2012) nos chama a atenção para a força da palavra em um trocadilho "Uma imagem vale por mil palavras, mas diga isso sem as palavras".
Isso tudo pode ser explicado de muitas maneiras, mas o que pode eternizar qualquer afirmação são as palavras, que estão, também, nos livros, igualmente e em profundas e reflexivas imagens:
"[...] O livro no topo da pilha era O Assobiador, e ela falou em voz alta, para ajudar sua própria concentração. O parágrafo inicial entorpeceu-se em seus ouvidos. Hans Hubermann aproximou-se e convocou a todos e, em pouco tempo, uma quietude começou a escoar pelo porão apinhado. Na página três, todos estavam calados, menos Liesel. A menina não se atreveu a levantar os olhos, mas sentiu os olhares assustados prenderem-se a ela, enquanto ia puxando as palavras e exalando-as. Durante pelo menos vinte minutos, foi entregando a história. As crianças menores se acalmaram com sua voz, enquanto todos os outros tinham visões do assobiador fugindo da cena do crime. Com a história, os corpos ficaram presos ao papel, isso até cessarem as bombas".
Esta cena pode ser assistida no filme A menina que roubava livros, de Brian Percival, de 2013, que não existiria se não estivesse no livro A menina que roubava livros, do australiano Markus Zusak, publicado em 2005.
O poeta modernista brasileiro, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicou o poema "O congresso internacional do medo", em epígrafe, no livro O sentimento do mundo, em 1940. Portanto, um ano antes da cena de Liesel acima.
Mais do que a temática comum entre as cenas, no poema de Drummond e na narrativa de Percival estão as palavras escritas e elas, suscitando imagens, estão em livros.
Em 23 de abril de cada ano, celebramos "O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor". A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1995, em homenagem à morte de três grandes escritores mundiais: Miguel de Cervantes (1547-1616), William Shakespeare (1582-1616) e Inca Garcilaso de La Veja (1539-1616). Todos os anos são organizados muitos eventos ao redor do mundo para celebrar o dia.
No Brasil, celebramos também o "Dia Nacional do Livro", que é comemorado em 29 de outubro de cada ano e faz referência à data de fundação da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, fundada em 1810, pela Coroa Portuguesa. Há também o "Dia Nacional do Livro Infantil", comemorado em 18 de abril de cada ano, em homenagem ao nascimento do autor de histórias infantojuvenis, Monteiro Lobato (1882-1948).
A partir desses autores e de suas obras, a homenagem ao livro. Com a leitura, adquire-se conhecimento, enriquecimento do vocabulário, aquisição de mais cultura, de informações, diverte-se, relaxa-se e se tem ótima companhia.
Portanto, homenagear o livro é também celebrar a importância da leitura na formação dos seres humanos com mais de mil palavras em cenas inesquecíveis que permeiam nossa memória e emoção, na catarse em nossa existência humana.
Viva o livro! E a vida! E as pessoas! E nós, comunidade universitária da UERGS! Avante!
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